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Os Gladiadores de Roma

Gladiador no Coliseu


Os gladiadores eram lutadores que participavam de torneios de luta na Roma Antiga. De origem escrava, estes homens eram treinados para estes combates, que serviam de entretenimento para os habitantes de Roma e das províncias. Os gladiadores eram escolhidos entre os prisioneiros de guerra e escravos. Com o passar das lutas, caso reunisse muitas vitórias, tornavam-se heróis populares. Nas arenas (a mais famosa era o Coliseu de Roma), os gladiadores lutavam entre si, utilizando vários armamentos como, por exemplo, espadas, escudos, redes, tridentes, lanças, etc. Participavam também das lutas montados em cavalos ou usando bigas (carros romanos puxados por cavalos). Muitas vezes estes gladiadores eram colocados na arena para enfrentar feras (leões, onças e outros animais selvagens).
O combate entre gladiadores terminava quando um deles morria ou ficava ferido com impossibilidade de continuar a luta. Os gladiadores mais bem sucedidos ganhavam, além da popularidade, muito dinheiro e, com o tempo, podiam largar a carreira de forma honrosa. Estes privilegiados ganhavam uma pensão do império e um gládio (espada de madeira simbólica). A luta entre gladiadores fazia parte da política do “pão-e-circo” instituída no Império Romano, cujo objetivo principal era amenizar a revolta dos romanos com os problemas sociais. Para oferecer um excelente espetáculo ao público, os gladiadores tinham um treinamento rígido aprendendo a combater com bravura e morrer com dignidade.
Em Roma, Alexandria, Pérgamo, Cápua e em outras cidades do território romano existiam várias ludi gladiatorii, as escolas de gladiadores. Entre essas escolas destacou-se a Ludus Magnus, a maior de todas, localizada próxima ao Coliseu e conectada a ele por meio de um túnel. Inicialmente, essas escolas eram propriedade dos lanistas, mas logo, o Estado romano percebeu o perigo que os lutadores profissionais poderiam representar sob o controle de particulares e no Império assumiu o controle de todas as escolas. Assim, os lanistas ficaram com a função de fornecer homens para as escolas ou apenas com o treinamento.
O aprendizado ocorria por repetição, já que boa parte dos lutadores era estrangeira e poucos compreendiam o latim, a língua dos romanos. Na primeira fase de treinamentos eles aprendiam a lutar com as próprias mãos. Após esse treinamento inicial, os homens eram separados em grupos e iniciavam o treinamento com armas de madeira, depois substituídas por armas de metal, mas com um peso inferior ao das utilizadas em combate. Na última fase de treinamento, os lutadores utilizavam armas com o peso real, porém sem o corte. Mesmo sem o uso de armas de metal com corte, as contusões e ferimentos ocorriam e por isso, os gladiadores eram assistidos por bons médicos. Concluído o treinamento, o gladiador estava pronto para combater, normalmente duas ou três vezes ao ano.
Os gladiadores não eram armados com os mesmos equipamentos. Os espectadores gostavam de combates equilibrados, mas com lutadores com armas diferenciadas. Um componente dos combates era a vulnerabilidade de seus participantes e por isso, as partes fatais do corpo (peito e tórax), muitas vezes ficavam descobertas, enquanto os braços e pernas eram protegidos.
Existiam vários tipos de gladiadores e muitos tinham nomes étnicos, mas isso não significava que os gladiadores tinham essa origem étnica.:
Trácio: tórax protegido com couro e metal, escudo redondo pequeno, faixa de couro protegendo o braço, grevas de metal para as pernas e uma espada curva
Perseguidor: escudo retangular, capacete com viseira, uma greva na perna, uma faixa de couro no braço e uma espada curta ou punhal
Homem-rede: ombro protegido por um pedaço de metal, uma rede, um tridente e um punhal.
Equites: montavam um cavalo. Usavam um escudo redondo, coxas protegidas e usavam um lança.
Gaulês: capacete com um peixe (murma) no topo, daí o nome mirmillo. Escudo retangular e espada.
Os jogos gladiatórios sempre atraíram público, mas inicialmente, não existiam locais próprios para esses eventos, utilizando-se do fórum de Roma, onde erguiam-se arquibancadas de madeira para acomodar a platéia dos combates.
Os romanos foram os inventores do anfiteatro, aperfeiçoando o teatro dos gregos, mas ao contrário destes que aproveitavam as colinas para construir seus teatros, os romanos, com raras exceções, construíram seus anfiteatros em locais planos. Etimologicamente palavra “anfiteatro” significa “teatro de dois lados”, ou seja, era dois teatros que virados um para outro formavam uma elipse.
Na época o Coliseu não tinha esse nome. Ele era chamado por Anfiteatro Flávios em referência aos imperadores da dinastia Flávia que o ergueram. Sobre o nome Coliseu existem duas versões. Uma diz que esse nome se refere ao colosso de Nero, uma estátua localizada próxima ao anfiteatro e uma outra versão diz, que somente a partir da Idade Média ele recebeu esse nome por causa de seu tamanho colossal.
O Coliseu tinha quatro andares, podendo abrigar em suas arquibancadas um público entre 40 e 90 mil pessoas, dependendo da estimativa utilizada, mas provavelmente a capacidade mais correta seja de 50 mil. O anfiteatro foi erguido em mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo. Era enfeitado com colunas nos estilos dório, jônio e coríntio e possuía uma série de estátuas que o embelezavam.
Como sede principal dos jogos gladiatórios até o séc. V, o Coliseu recebia seu público por 80 entradas numeradas que facilitavam também seu esvaziamento.
A arena onde as lutas ocorriam tinha o chão de madeira coberto com areia - por isso, o nome arena - e em seu subsolo existiam jaulas onde os animais ficavam presos, celas para os prisioneiros, locais onde os gladiadores se aqueciam e onde armas recebiam seu afiamento. Esse subsolo tinha 6 metros de altura.
Os jogos gladiatórios não começavam no dia das lutas. Na verdade começavam alguns dias antes quando os combates eram anunciados com cartazes afixados nas casas e edifícios públicos. Nos cartazes pregados e nos vendidos na rua, veríamos todas a programação do dia de jogos, com os tipos de combates, horários, os nomes dos lutadores e o patrocinador da competição.
O dia dos jogos começava logo pela manhã. Romanos de todas as classes sociais se dirigiam ao Anfiteatro Flávios para presenciar um espetáculo que duraria até o crepúsculo. Nos arredores do anfiteatro, novos programas eram distribuídos. Nesse dia o público não precisaria comprar ingressos, já que o imperador era o promotor do evento. As pessoas se dirigiam para seus lugares segundo seu grupo social. A elite ocuparia a fileira mais perto da arena; os grupos médios ocupariam a segunda fileira e plebe e as mulheres ocupariam as duas últimas fileiras. Nesse dia, ainda era esperada a presença do imperador.
Transportados em carruagens abertas, os gladiadores entravam pela porta da arena e atrás deles, seus criados carregando seus armamentos. A platéia explodia em alegria gritando os nomes de seus preferidos. Os gladiadores vestiam uma capa púrpura com detalhes em ouro e deram uma volta em torno da arena para que o público pudesse vê-los. A carruagem parava em frente à tribuna imperial onde estava o imperador e os gladiadores saudavam-no erguendo o braço direito.
O Império Romano foi fundado sob a violência e a arena tinha a função simbólica de representá-la. O fato de escravos lutarem e morrerem na arena mostrava a vitória de Roma sobre seus inimigos, assim como a vitória da civilização, representada pelos romanos, sobre a barbárie, representada pelos povos vencidos.


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