Toda história é feita por imagens. Assim como toda imagem é feita com história. Imagens de quem fez e/ou não fez a história; história de quem recebeu e/ou não recebeu as imagens; Imagens de quem viu e/ou não viu a história; história de quem contou e/ou não contou as imagens; Imagens não dizem nada, mas gritam atordosamente.



As grandes navegações




As grandes navegações foram um conjunto de viagens marítimas que expandiram os limites do mundo conhecido até então. Mares nunca antes navegados, terras, povos, flora e fauna começaram a ser descobertas pelos europeus. E muitas crenças passadas de geração a geração, foram conferidas, confirmadas, ou desmentidas. Eram crenças de que os oceanos eram povoados por animais gigantescos ou que em outros lugares habitavam seres estranhos e perigosos. Ou que a terra poderia acabar a qualquer momento no meio do oceano, o que faria os navios caírem no nada.

O motivo poderoso que fez alguns europeus desafiar o desconhecido, enfrentando medo, foi a necessidade de encontrar um novo caminho para se chegar às regiões produtoras de especiarias, de sedas, de porcelana, de ouro, enfim, da riqueza.
Comerciantes e reis aliados já estavam se organizando para isso com capitais e estruturando o comércio internacional; A tecnologia necessária foi obtida com a divulgação de invenções chinesas, como a pólvora (que dava mais segurança para enfrentar o mundo desconhecido), a bússola, e o papel. A invenção da imprensa por Gutenberg popularizou os conhecimentos antes restritos aos conventos. E, finalmente, a construção de caravelas, que impulsionadas pelo vento dispensavam uma quantidade enorme de mão-de-obra para remar o barco como se fazia nas galeras nos mares da antiguidade, e era mais própria para enfrentar as imensas distâncias nos oceanos;
Histórias como a de Marcopolo e Prestes João aguçavam a imaginação e o espírito de aventura; Até a Igreja Católica envolveu-se nessas viagens, interessada em garantir a catequese dos infiéis e pagãos, que substituiriam os fiéis perdidos para as Igrejas Protestantes.
As especiarias são temperos (condimentos) usados na culinária para proporcionar sabores diferentes nas comidas. Algumas especiarias também eram, e ainda são, utilizadas na fabricação de cosméticos, óleos e medicamentos. As principais são: pimenta, gengibre, cravo, canela, noz moscada, açafrão, cardamomo e ervas aromáticas.
Na época das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI) eram muito valorizadas na Europa, pois não podiam ser cultivadas neste continente em função do clima. O surgimento e crescimento da burguesia também aumentou a demanda por produtos considerados de luxo na época, como, por exemplo,  as especiarias.
No século XV, os comerciantes de Gênova e Veneza, cidades italianas, tinham o monopólio destas especiarias. Compravam no Oriente, principalmente na Índia e China, e vendiam com alta porcentagem de lucro no mercado europeu. Estas especiarias eram levadas para Europa através da rota do Mar Mediterrâneo, dominada pelos comerciantes italianos.
No século XVI, os portugueses descobriram uma rota alternativa para chegar ao oriente, através da navegação pela costa africana. Passaram a comprar as especiarias diretamente na fonte e tiraram o monopólio dos italianos. As caravelas portuguesas chegavam à Europa carregadas de especiarias, que eram vendidas com alta taxa de lucro. Portugal se tornou uma potência econômica da época.
As caravelas foram embarcações, de formato alongado, típicas da época das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI). Países como Espanha, Portugal, Holanda, Inglaterra e França possuíam grandes esquadras de caravelas. Pesavam, em média, de 100 a 400 toneladas.
As caravelas consistiam em grandes embarcações feitas de madeira. Eram capazes de transportar centenas de homens e toneladas de mercadorias. Possuíam uma ou mais velas grandes e altas de formato, geralmente, retangular. Estas velas eram presas em altos mastros.
Hoje, no mundo, as medidas são mais ou menos padronizadas, mesmo que um país ou outro ainda tenha suas peculiaridades, como galão e polegada nos Estados Unidos. Mas todos os países reconhecem as medidas padrões como litro, metro, etc, mas como fazer essas medidas na época das grandes navegações?. E de onde vieram os nomes, como foram inventadas ?
Légua - Diziam os portugueses ser o quanto se pode andar em uma hora. Assim a légua terrestre é diferente da légua marítima, já que um navio anda mais em uma hora do que um homem. Além disso, como os navios cada vez foram ficando mais aperfeiçoados e mais rápidos, a légua marítima teve diversos valores no decorrer dos tempos. Já a légua terrestre sempre se manteve, mais ou menos, a mesma. (6.600 metros).
Milhas - A unidade de medida, milha, correspondia a mil passos, essa era a milha italiana. Com o tempo a medida de milha passou a ser 3 vezes maior que essa milha original, assim 3000 passos, ou 1.600 metros.
Nós - Os navegantes desta época não tinham como medir a velocidade em seus navios, não haviam inventado um velocímetro, mas era importante saberem a que velocidade o navio estava. Por isso era prática comum se jogar, das embarcações, uma corda com nós dados a cada tantos metros. Depois de determinado tempo se recolhia a corda e via-se quantos nós haviam entrado na água. Atualmente nó é igual a uma milha marítima por hora.
Caravana ou Cáfila ( coletivo de Camelo ) - É o quanto uma caravana de camelos pode andar em um dia. Essa medida também era difundida na África e Ásia. Corresponde a 8 léguas ou 52 quilômetros. Era uma medida importante pois é exatamente a cada "caravana" que precisaria haver abrigos para os mercados e seus camelos.
Os dois primeiros países que possuíam essas condições favoráveis eram Portugal e Espanha. Portugal, conhecedor de que as Índias (como genericamente era chamado o Oriente), ficava a Leste, decidiu navegar nessa direção, contornando os obstáculos que fossem surgindo. Optou pelo Ciclo Oriental.
Já a Espanha apostou no projeto trazido pelo genovês Cristóvão Colombo, que acreditava na idéia da esfericidade da terra, e que bastaria navegar sempre em direção do ocidente para se contornar a terra e se atingir as Índias. Era o Ciclo Ocidental. E a disputa estava iniciada entre os dois países.

Conquistas portuguesas
Partindo de Lisboa, após a benção do sacerdote e da despedida do povo, caravela após caravela deixava Portugal, voltando com notícias e lucros sempre crescentes. Inicialmente contornando a África em:
• 1415 conquistaram Ceuta;
• durante o século XV o litoral da África e Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e Cabo Bojador;
• 1488 chegaram ao Sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança;
• 1498 atingiram a Índia com Vasco da Gama. O objetivo fora atingido.

Conquistas espanholas
A Espanha começou a navegar mais tarde, só após conseguir expulsar os árabes de seu território.
Mas em 1492, Cristóvão Colombo obteve do rei espanhol as três caravelas, Santa Maria, Pinta e Nina, com as quais deveria dar a volta ao mundo e chegar às Índias. Após um mês de angústias e apreensões chegou a terra firme, pensando ter atingido seu destino. Retorna à Espanha, recebendo todas as glórias pelo seu feito.
Portugal apressou-se a garantir também para si as vantagens dessa descoberta e, em 1494, assinou com a Espanha o famoso Tratado das Tordesilhas, que simplesmente dividia o mundo entre os dois pioneiros das grandes navegações. Foi traçada uma linha imaginária que passava a 370 léguas de Cabo Verde. As terras a Leste desta linha seriam portuguesas e as que ficavam a Oeste seriam espanholas. Foi assim que parte do Brasil ficou pertencendo a Portugal seis anos antes de Portugal aqui chegar.
Infelizmente para Colombo, descobriu-se pouco depois que ele não havia chegado às Índias, e "apenas" tinha descoberto um novo continente, que recebeu o nome de América, em homenagem a Américo Vespúcio que foi o navegador que constatou isso.
Colombo caiu em desgraça, morreu na miséria e a primeira viagem em torno da terra foi realizada em 1519 por Fernão de Magalhães e Sebastião del Cano.