Toda história é feita por imagens. Assim como toda imagem é feita com história. Imagens de quem fez e/ou não fez a história; história de quem recebeu e/ou não recebeu as imagens; Imagens de quem viu e/ou não viu a história; história de quem contou e/ou não contou as imagens; Imagens não dizem nada, mas gritam atordosamente.



Revolução Industrial



Na primeira metade do século os sistemas de transporte e de comunicação desencadearam as primeiras inovações com os primeiros barcos à vapor (Robert Fulton, 1807) e locomotiva (Stephenson, 1814), revestimentos de pedras nas estradas Mc. Adam, 1819), telégrafos (Morse, 1836). As primeiras iniciativas no campo da eletricidade como a descoberta da lei da corrente elétrica (Ohm, 1827) e do eletromagnetismo (Faraday, 1831). Dá para imaginar a quantidade de mudanças que estes setores promoveram ou mesmo promoveriam num futuro próximo. As distâncias entre as pessoas, entre os países, entre os mercados se encurtariam. Os contatos mais regulares e freqüentes permitiriam uma maior aproximação de mundos tão distintos como o europeu e o asiático.
No setor têxtil a concorrência entre ingleses e franceses permitiu o aperfeiçoamento de teares (Jacquard e Heilmann). O aço tornou-se uma das mais valorizadas matérias-primas. Em 1856 os fornos de Siemens-Martin, o processo Bessemer de transformação de ferro em aço. A indústria bélica sofreu significativo avanço (como os Krupp na Alemanha) acompanhando a própria tecnologia metalúrgica.
A explosão tecnológica conheceu um ritmo ainda mais frenético com a energia elétrica e os motores a combustão interna. A energia elétrica aplicada aos motores, a partir do desenvolvimento do dínamo, deu um novo impulso industrial. Movimentar máquinas, iluminar ruas e residências, impulsionar bondes. Os meios de transporte se sofisticam com navios mais velozes. Hidrelétricas aumentavam, o telefone dava novos contornos à comunicação (Bell, 1876), o rádio (Curie e Sklodowska, 1898), o telégrafo sem fio (Marconi, 1895), o primeiro cinematógrafo (irmãos Lumière, 1894) eram sinais evidentes da nova era industrial consolidada.
E, não podemos deixar de lado, a invenção do automóvel movido à gasolina (Daimler e Benz, 1885) que geraria tantas mudanças no modo de vida das grandes cidades.
O motor à diesel (Diesel, 1897) e os dirigíveis aéreos revolucionavam os limites da imaginação criativa e a tecnologia avançava a passos largos.
A indústria química também tornou-se um importante setor de ponta no campo fabril. A obtenção de matérias primas sintéticas a partir dos subprodutos do carvão - nitrogênio e fosfato. Corantes, fertilizantes, plásticos, explosivos, etc.
Entrava-se no século XX com a visão de universo totalmente transformada pelas possibilidades que se apresentavam pelo avanço tecnológico.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL SE INICIASSE NA INGLATERRA

  • A supremacia naval inglesa: desde o ano de 1651, quando Oliver Cromwell decretou os Atos de Navegação e Comércio, que asseguraram exclusividade aos navios ingleses para o transporte de mercadorias para o seu país, que a Inglaterra passou a controlar o comércio mundial de larga escala. Isso permitiu a organização de um vasto império colonial que, ao mesmo tempo, será seu mercado consumidor de produtos manufaturados e fornecedor de matérias primas.
  • A disponibilidade de mão-de-obra: o estabelecimento do absolutismo na Inglaterra no século XVI levou a burguesia em aliança com a nobreza a promover um processo de expulsão dos camponeses de suas terras. Estas terras foram cercadas e transformadas em áreas de pastagens para ovelhas que ofereciam a matéria-prima básica para o tecido: lã. Houve, portanto, um intenso êxodo rural, que tornou as grandes cidades um lugar onde se encontrava uma grande disponibilidade de mão-de-obra. Dessa maneira, os salários sofreram um rebaixamento, fato que contribuiu para a elevação da produtividade na indústria.
  • A disponibilidade de matérias-primas: a Inglaterra não tinha dificuldades de acesso às matérias-primas básicas para seu desenvolvimento industrial. Era rica em minério de carvão, lã, algodão (obtido nos EUA) etc.
  • A Monarquia Parlamentar: a Revolução Gloriosa de 1688/89 estabeleceu na Inglaterra a Declaração dos Direitos (Bill of Rights) que permitiu a supremacia do parlamento sobre a monarquia, surgindo, portanto, o parlamentarismo. Isso significou o fim do absolutismo que permitiu à burguesia uma maior participação nas decisões do governo e na vida política do país. Dessa maneira, a economia do país passou a se organizar de maneira a atender aos anseios da burguesia.

CONDIÇÃO DE TRABALHO E VIDA DA CLASSE

  • Longas jornadas de trabalho;
  • Direito conferido ao empresário pela Lei "Senhor e Empregado" de encarceramento do operário que abandonasse o trabalho;
  • Pagamento de salários tão ínfimos que obrigavam os operários a trabalharem sem parar para ter dinheiro para sobreviver;
  • Nenhuma garantia previdenciária, para acidentes que do operário que o impedisse de trabalhar;
  • Trabalho infantil e feminino, porque eram pagos menores salários a esses trabalhadores
IMPÉRIO E SEUS CONCORRENTES

Os números não deixam dúvidas: até as últimas décadas do século XIX a Inglaterra manteve-se a frente dos seus concorrentes mais diretos. Em 1870 produzia quase cinco vezes mais fios e algodão que a França, a Alemanha e os EUA. Enquanto a produção inglesa de carvão produzia cem milhões de toneladas, a produção francesa era de 13 milhões de toneladas, a alemã de 26, e a dos EUA de 30 milhões de toneladas. Nessa mesma época, beneficiada pela adoção do livre-cambismo, a Inglaterra sozinha respondia por um quarto da produção mundial.
Da China ao Canadá, o Império Britânico montou uma rede mundial de rotas de navegação, postos e entrepostos comerciais e militares, agências financeiras e domínios coloniais de diversos tipos. Construindo ferrovias em países como Índia e Brasil, Explorando ouro e diamante na África, Comprando matérias-primas baratas e vendendo produtos industriais com financiamento de seus próprios bancos, a Inglaterra assumiu o controle do mercado mundial. O Império Britânico tornou-se a grande expressão do imperialismo moderno.
Foi somente no século XIX que a posição inglesa começou a ser ameaçada. A siderurgia, a eletricidade e o petróleo impulsionaram, a partir de 1870-1880, o desenvolvimento industrial na Alemanha, nos EUA e na França. Acirram-se então a disputa imperialistas pelos mercados mundiais, envolvendo os interesses do estado e das grandes empresas industriais, comerciais e financeiras. E, das guerras dos mercados, as grandes potências chegaram à explosão da 1ª Guerra Mundial (1914-1918).

A MÁQUINA A VAPOR
"já que a água goza da propriedade de que uma pequena quantidade dela transformada em vapor por meio do calor tem uma força elástica similar à do ar, e de que por meio do frio se transforma de novo em água, de maneira que não sobra nem rastro daquela força elástica, cheguei à conclusão de que é possível construir máquinas que no seu interior, por meio de um calor não muito intenso, se pode produzir um vazio perfeito, que de maneira nenhuma poderia se conseguido através da pólvora".
Até a invenção da máquina a vapor praticamente só se dispunha de duas máquinas como fonte de energia na Europa: a roda hidráulica e o moinho de vento, que quando muito ofereciam 10 cavalos de energia. A maior roda hidráulica de toda a Europa foi construída para servir às necessidades do Palácio de Versalhes na França, em 1682, durante o reinado de Luís XIV, funcionando bem chegava a produzir 75 cavalos de energia.
Não foi fácil chegar à máquina a vapor. Até o século XVIII não havia uma idéia clara sobre os gases, que freqüentemente eram considerados substâncias misteriosas. Dênis Papin, físico francês, expôs em 1690, uma idéia que se constituiu no ponto de partida para aqueles que inventaram a máquina a vapor. Dizia ele:
As idéias de Papin foram aperfeiçoadas e testadas por Thomas Newcomen e por James Watt. Em 1712 ficou pronto o primeiro motor de Newcomen, o princípio desse motor era bem simples.
Baseava-se no mesmo fenômeno verificado por Papin: o de que, ao passar do estado gasoso para o líquido, a água tem seu volume diminuído. Entretanto, o motor de Newcomen era lento, desenvolvia apenas 5 HP, mas se constituía no mais eficiente meio para bombear água naquele momento. Em meados do século XVIII, os motores Newcomen já estavam bem aperfeiçoados; os engenheiros da época tentaram adaptá-los para impulsionar outras máquinas. Em 1780, James Watt, utilizando um sistema de engrenagens planetárias, construiu um novo motor que adaptava um condensador especial, separado do pistão, para resfriar o vapor, dando grande eficiência ao motor que chegou a produzir mais de 1000 HPs.

A INDÚSTRIA TÊXTIL
O desenvolvimento da máquina a vapor deu um grande impulso na indústria têxtil que tem sido considerada um exemplo clássico de desenvolvimento fabril na Revolução Industrial.
Por milhares de anos, os povos usaram de um mesmo método para fiar a lã em estado natural. Realizada a tosquia do carneiro, as fibras de lã eram lavadas e enroladas em cordões, secadas eram amarradas a fusos pesados. A fiação era feita uma a uma, manualmente.
Em 1755, John Kay, inventou a lançadeira volante, que trabalhando com mais fios, possibilitou aumentar a largura dos tecidos e a velocidade da fabricação.
Em 1764, James Hargreaves, inventou a maquina de fiar que consistia em uma quantidade de fusos dispostos verticalmente e movidos por uma roda, além de uma gancho que segurava diversos novelos.
Em 1769, Richard Arkwright, desenvolveu uma máquina que se associava à máquina a vapor. Essas máquinas passaram a ter uma importância crescente com a substituição da lã pelo algodão. Este era fiado com mais facilidade, e por sua abundância nas plantações do Sul dos EUA permitiu grande desenvolvimento da indústria têxtil.

A METALURGIA
O uso do minério de ferro na confecção de instrumentos e artefatos para auxiliarem o dia-a-dia do homem data da pré-história. Fazendo fogueiras o homem percebeu que algumas pedras se derretiam com o calor e passou a moldá-las. Desde esse momento, vários povos se utilizam da metalurgia. Entretanto, foi durante a Revolução Industrial que novos métodos de utilização do minério de ferro generalizaram essa matéria prima. Entretanto, os ingleses já dispunham de altos fornos para trabalhar o ferro desde o século XV.
A abundância de carvão mineral na Inglaterra possibilitou a este país, substituir as máquinas confeccionadas em madeira por ferro. No processo da chamada Segunda Revolução Industrial, Henry Bessemer, estabeleceu um método inovador de transformação do ferro em aço. Por sua resistência e por seu baixo custo de produção, o aço logo suplantou o ferro, transformando-se no metal básico de confecção de instrumentos e utilitários.
CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS PARA OS TRABALHADORES
"A revolução Industrial que se iniciou na Inglaterra causou uma série de transformações políticas, econômicas e sociais. O texto abaixo é um relato das conseqüências sociais da revolução, em especial para com os trabalhadores.
Essa revolução causa mudanças de espécies diversas. De um lado, o trabalho humano, a relação do homem com seu trabalho foram profundamente afetados. Nem sempre, como uma versão idealizada faz pensar, há um alívio no sofrimento dos homens. Num primeiro tempo, no século XIX, o trabalho industrial é mais penoso do que antes.
A revolução industrial modifica também as relações dos homens entre si. As máquinas, com efeito, introduzem nas estruturas tradicionais a transformação do mapa da indústria, que agora se reagrupa – ou se desenvolve – em torno das fontes de energia ou das matérias-primas, perto das cidades, porque necessita de uma mão-de-obra numerosa. A concentração geográfica e humana precipita a conjunção entre o fenômeno urbano e a atividade propriamente industrial.
Essa mão-de-obra, em geral, vem dos campos. Aqui se juntam dois fenômenos, que muitas vezes são estudados em separado: o crescimento da indústria, com a concentração da mão-de-obra em torno das manufaturas, das fábricas, das minas, e o êxodo rural que, progressivamente, esvazia os campos das populações que os congestionavam.
Esses operários de origem rural, que vão formar os batalhões da nova indústria, que enchem as manufaturas, as oficinas, não são contudo os herdeiros diretos dos compagnons medievais ou dos artesões das corporações: eles constituem uma classe inteiramente nova, uma realidade social original, mesmo se nem todos os seus contemporâneos tiveram consciência exata do fenômeno. (...)
Ao mesmo tempo em que surge uma nova classe, as relações entre grupos se modificam pouco a pouco e, como por círculos concêntricos, os efeitos diretos ou induzidos, da industrialização vão se ampliando.
Como o crescimento das unidades industriais supõe a aplicação de capitais, vemos também surgir uma categoria relativamente nova, a dos chefes da indústria, a dos empresários, que dispõem de capitais ou fazem empréstimos. (...)
(...) A dissociação entre esses dois grupos se acentua e ganha todos os aspectos da vida social, porque não é apenas dentro da fábrica que eles se diferenciam, mas ainda pelo acesso à instrução, pela participação na vida política, pelo hábitat. (...)"
(REDMOND, René. O século XIX, 1815-1914. São Paulo, Cultrix, 1981)
"Em função das condições a que ficaram submetidos, os operários iniciaram um processo de reação. Inicialmente, denunciando-as como ilegais e imorais e, em seguida passaram a quebrar as máquinas, era o movimento Ludita (1811-12). A partir de 1824, as associações de trabalhadores deixaram de ser ilegais e passaram a representar a forma de luta da classe operária, era o início do movimento Cartista (1837-1848), movimento popular que reivindicava reformas nas condições de trabalho, particurlamente na limitação da jornada de trabalho, regulamentação do trabalho feminino, extinção do trabalho infantil, repouso semanal e salário mínimo ; e direitos políticos: estabelecimento do sufrágio universal e extinção da exigência de propriedade para integrar o parlamento.
Como já foi dito anteriormente, o século XIX viu surgir, na Europa, uma série de correntes ideológicas que, propunham reformulações sociais e a construção de uma sociedade mais justa, entre eles os teóricos socialistas e os anarquistas." WMP
 
Os milhões de trabalhadores assalariados, por seu lado, também conheciam o progresso técnico e econômico, apesar da imensa carga de sofrimento social que ele provocava. A industrialização destruíra o artesanato independente, desorganizara a sociedade camponesa e entupira a cidade com legiões de homens e mulheres obrigados a trabalhar até o limite de suas forças. Mesmo derrotado, porém, o cartismo representou o impulso inicial do movimento organizado da classe operária da Inglaterra industrial, contribuindo para algumas das grandes conquistas dos trabalhadores, como a aprovação das dez horas, do direito pleno de livre-associação e de voto secreto.

Recolhido do site:
http://massaranduba20.vilabol.uol.com.br/revolucao.htm